Camisa e calça sociais. Quem vê a secretária Andréa Guimarães, 53 anos, em sua roupa de trabalho, não imagina que seu trajeto seja feito de maneira tão “casual”: desde fevereiro, ela vem de bicicleta do bairro de Santa Teresa, onde mora, até a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde atua há dez anos. “Eu tinha uma bike velhinha, mas ficava com vergonha de vir com ela, então resolvi investir em uma nova para poder economizar”, conta. “Achava um absurdo pagar a tarifa do metrô para andar duas estações”.

De lá para cá, Andréa descobriu que, além de dinheiro, também economizava tempo. “É muito mais rápido. O que eu levava andando da minha casa até a estação do metrô é o mesmo que gasto vindo para cá de bike, entre 10 e 15 minutos”, afirma. Nesse trajeto, não tem dia ruim. Ou quase não tem. “Mesmo chuviscando, eu venho com uma capinha e um casaco impermeável. Só não dá para pedalar quando está tendo aquele temporal, né?”, ela ri. Quem também vê esses benefícios é a estudante de História, Jéssica Hudson, 26 anos, estagiária da Subdiretoria-geral de Cultura e guia do Palácio Tiradentes. “É muito mais rápido, barato, ecológico e saudável”, comenta a moradora de Icaraí, em Niterói. Ela conta que, mesmo fora do chamado “horário do rush” e sem um bicicletário no Centro do Rio, a alternativa é ainda a mais viável. “Melhoraria muito se aqui tivesse um lugar onde guardar”, diz.

Já o fotógrafo Rafael Wallace, de 36 anos e há 13 na Subdiretoria Geral de Comunicação Social da Casa, tem outras alternativas ao transporte público além da “magrela”. “Às vezes, venho de patinete e até de skate. Além de economizar tempo e dinheiro, eles têm outro ponto positivo: por serem menores, eu consigo guardá-los em qualquer lugar”, conta o morador da Lapa. “Isso me ajuda, por exemplo, quando começa a chover durante o dia. Dessa forma, eu posso voltar para casa de táxi, com o patinete ou o skate no porta-malas”, afirma.

Benefícios para o corpo e para o trabalho

Os benefícios deste tipo de transporte vão além. Todos os dias antes de vir para o trabalho, a secretária Andréa ainda vai à academia, transformando o início das suas manhãs em uma espécie de circuito atlético. “Sempre fiz exercício, mas usar a bicicleta para o transporte tem ajudado com a saúde, é claro”, comenta.

O trajeto de 15 minutos de Andréa já alcança, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tempo mínimo de atividades físicas que um adulto deve fazer todos os dias úteis da semana - a OMS recomenda pelo menos 75 minutos semanais. “A organização coloca a atividade física como uma das melhores ferramentas para a saúde como um todo”, comenta Esperidião Vaccari, clínico-geral do Departamento Médico da Alerj.

Além dos benefícios para a saúde, Vaccari aponta que fazer um exercício físico já no caminho para o trabalho pode melhorar o desempenho profissional. “Isso aumenta a capacidade cardiorrespiratória, diminui a pressão arterial, reduzindo o estresse e as chances de desenvolver diabetes, o que, com certeza, reflete positivamente na performance do funcionário”, estimula.