Referências ao fascismo podem estar ainda hoje em instalações do Legislativo fluminense? Verdade ou mentira? Muito se especulou a respeito dos 17 postes de bronze que circundam o Palácio Tiradentes, entre as ruas Primeiro de Março, São José e o largo do Paço.
Há quem diga que neles existe o símbolo fascista - uma machadinha envolta por um feixe com uma águia no topo. Já se especulou também que esses mesmos postes teriam sido presente do líder do Partido Nacional Fascista, o político italiano Benito Mussolini, conhecido por seu autoritarismo, ao então presidente brasileiro Getúlio Vargas.
A mesma dúvida persiste nas galerias do Plenário Barbosa Lima Sobrinho, onde igual imagem aparece em oito paredes. Ela se repete também no piso de pedras portuguesas da Rua Primeiro de Março, em frente às escadarias. É possível ainda ver, logo no hall de entrada, ao lado da escadaria principal do palácio, duas urnas com os mesmos símbolos ao lado da inscrição “lex” - “lei” em latim.
Todas estas suspeitas, no entanto, são infundadas e foram desmistificadas pelo historiador responsável pela visita guiada do Palácio Tiradentes, Gilberto Catão. Conhecido como “fasces”, este símbolo é, na verdade, um sinal de poder, mais precisamente de autoridade. "Eu diria que feixe é a unidade do povo, e, por conseguinte, a sua força. A machada é o propósito, que seria, naturalmente, a República. É a força do povo e seu o poder estão ali representados", explicou.
Segundo Catão, a versão oficial é que a simbologia na construção do Tiradentes, em estilo eclético, tem grande influência da Roma Antiga. "Por isso o machado simboliza a maneira como era aplicada a lei à época. Mais tarde, o fascismo viria a se apropriar desse símbolo", afirmou.
As instalações do Palácio Tiradentes se relacionam às simbologias da antiguidade clássica e ao mesmo tempo com representatividades republicanas, o que vem fortalecer, ainda mais, a associação de diferentes estilos e ideias características do ecletismo.
Com isso, muitos vestígios da arquitetura romana antiga estão espalhados por vários prédios no corredor cultural do Rio, e, no entanto, ainda que o fascismo possa ter escolhido esses símbolos posteriormente, eles são originalmente romanos.