Quem vê o servidor Eleno Gabriel da Conceição, 60 anos, na equipe de Segurança da Assembleia Legislativa do Rio, vestido de terno, fones no ouvido e falando com voz grave, não pode imaginar que no mundo do samba ele é o conhecido e consagrado compositor “Leco da Alerj”, autor de sambas-enredos e outros ritmos. Trabalhando há 31 anos na Alerj, ele começou no setor de Transportes, depois foi para o de Treinamento e Seleção de Pessoal, posteriormente foi do Financeiro e, por último, há 19 anos atua no departamento de Segurança da Casa.

No mundo do samba, Leco também não é iniciante. Orgulhoso, mostra no celular e canta junto com o áudio das últimas músicas de sua autoria. Mas tudo começou há duas décadas, em Padre Miguel, quando compôs a música para o irreverente Bloco dos Cornos. Ali foi dado o primeiro passo para outras composições e parcerias, como a do samba que ganhou a disputa da Império da Tijuca, no carnaval de 2011. Na época, a agremiação conquistou o sétimo lugar no desfile do Grupo Especial. “Vou sambar abaixo de zero/ onde há frio eu levo calor/ com a bateria do meu Império/ 40 graus de amor”, cantarolou.

Leco da Alerj conta que a Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Padre Miguel carimbou há 12 anos, também com a sua música, o passaporte  para o Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí.  “A escola desfilava no tradicional carnaval da Intendente Magalhães, na Zona Norte, e o enredo era sobre o guaraná. Foi tudo nota 10, em todos os quesitos julgados”, recorda o compositor.

Como todo bom sambista, o compositor não vacila na hora de declarar o nome da sua escola de coração. “A  Mocidade Independente de Padre Miguel é a minha paixão, já desfilei, claro, e o meu sonho é ganhar na disputa do samba. Fiquei em segundo lugar no enredo sobre Cândido Portinari, em 2012”, afirmou.

Ídolo

Leco tem como ídolo o próprio irmão, Gulle, que também é seu parceiro no mundo do samba. “Ele também é compositor”, contou, lembrando a conquista do irmão no carnaval da Caprichosos com o enredo “Goiás, um sonho de amor  no coração do Brasil”, em 2001.

Desde o nascimento da filha Ellen, há quatro anos, Eleno diz que está afastado das competições de sambas-enredos. Explicou que os custos são altos e o gasto é grande nas disputas. “A música é como se fosse um filho. Não tenho participado, mas tenho um grande desejo de voltar. Só retorno se conseguir um patrocínio”, declarou.

Além do Rio, outras agremiações nos estados do Amazonas e de Santa Catarina desfilaram com sambas de sua autoria. “Em Manaus, a escola Unidos do Alvorada até hoje canta o enredo “Abaci Ruja, o índio sonhador”, comentou.

“Na hora de compor, gosto de falar pessoalmente com meus parceiros. Tenho muitas guardadas músicas Não tenho rede social, mas tenho e-mail”, comentou. Desta forma, se alguém tiver interesse em conhecer outras composições do sambista, é só entrar em contato pelo endereço leco.do.falo@gmail.com.