Dividida em quatro prédios, a Alerj é mobiliada e equipada com mais de 13 mil itens entre móveis, eletrodomésticos, bebedouros e ventiladores usados continuamente durante o expediente. Para garantir o desempenho adequado de cada uma dessas peças, uma equipe especializada com 42 profissionais, entre marceneiros, pedreiros, pintores, eletricistas, chaveiros, bombeiros hidráulicos e estofadores, realiza em média 4 mil atendimentos por ano, focados em assegurar o funcionamento do legislativo em tempo integral.
Existente desde a fusão do Estado do Rio com a Guanabara, em 1975, a Divisão de Oficina está instalada num espaço com cerca de 150 m² no subsolo do Palácio Tiradentes. No local, o único som capaz de ser nivelado ao constante barulho das ferramentas é o rumor das gargalhadas de profissionais cujo entusiasmo foi capaz de transformar a sucata gerada por antigos trabalhos em portas, cadeiras e outros móveis que aparelham o ambiente. O trabalho desses operários também pode ser visto nas paredes pintadas por eles, e decoradas com símbolos religiosos e pôsteres que relembram as conquistas nacionais dos seus times de futebol.
Trabalhos realizados

Para coordenar essa equipe, a repartição conta com a chefia de Sérgio Vieira, de 62 anos, que está à frente da divisão há 20 anos. Sérgio, que seguiu os passos do pai na carreira, fala com orgulho da equipe e relembra que além dos reparos do dia a dia, os profissionais também já tiveram que trabalhar em grandes obras. "Já fizemos uma galeria para desobstruir um esgoto e trocamos a tubulação do terraço do prédio da 23 de julho, em Benfica. Foi um trabalho braçal, que durou uma semana. É comum serviços como esses serem feitos por empresas terceirizadas, mas nesses casos não foi necessário, nossa equipe se empenhou, trabalhou duro e conseguiu realizá-los”, relata.
Há 35 anos trabalhando no setor, João Marcos Guedes de Aguiar, também contou que em 1992 todo o Plenário da Alerj foi reformado pela equipe da oficina. Os reparos duraram 45 dias e incluíram a troca do estofado das cadeiras centenárias que integram as bancadas do local. "Fizemos essa reforma para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92. O evento foi sediado na cidade do Rio e os chefes de Estado estiveram no parlamento", relembra Aguiar.
Atendimento
Para quem está há menos tempo no departamento, como o marceneiro Antônio Marques, de 65 anos, os reparos diários também merecem destaque. Ele conta que recentemente uma funcionária pediu prateleiras em um gabinete para organizar os documentos armazenados no local e ao perceber o volume de material e o espaço de que dispunha, ele projetou uma solução mais eficiente do que a esperada. "Tento ter o cuidado de reparar o que a pessoa está precisando e não procuro só atender o pedido. A funcionária tinha me pedido que colocasse prateleiras, eu entreguei um armário completo e ela adorou. No final, todos no gabinete também queriam", relatou entre risos.
Para solicitar o serviço, o funcionário deve ligar ou ir no setor, informar o número de matrícula e abrir uma chamada. Segundo Sérgio, após o pedido ser protocolado no departamento, o atendimento é rápido. "Em menos de dois dias resolvemos a maioria dos pedidos que chegam. Claro, depende um pouco da demanda, mas somos ágeis", afirmou.
Além de rápidos, os funcionários não têm medo de serviço. O estofador João Marcos de Aguiar conta que quando tem alguma sessão extraordinária, eles passam do horário e ficam até o final do expediente. "Ficamos de olho pra ver se ninguém vai precisar dos nossos serviços. Nesses dias sempre rola um cachorro quente ou uma peixada pra galera toda", comentou João.