A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro está em processo de mudança para a nova sede, o edifício Lúcio Costa, já conhecido como Alerjão. Os 34 andares do prédio vêm sendo ocupados por meio de um planejamento minucioso e escalonado de mudança dos diversos setores da Alerj. Ele conta com os 70 gabinetes parlamentares – que já começaram a ser transferidos progressivamente -, cinco salas de comissões, auditórios, setores administrativos, e um moderno plenário, o qual se encontra em fase de conclusão.
A restauração do prédio usou de forma consciente e equilibrada os recursos da Casa, possibilitando que a Alerj economizasse cerca de dois terços do orçamento previsto para ser usado na nova sede, com baixo índice de aditivos contratuais. O diretor-geral da Alerj, Wagner Victer, ressaltou a melhoria da qualidade do trabalho do Legislativo, concentrando todos os setores em um único lugar.
"Antigamente, funcionávamos de maneira dispersa. Então, a possibilidade de concentrar todas as atividades no mesmo prédio faz com que se ganhe uma agilidade fantástica", explicou Victer. Ele observou, também, que além de mais econômico o Alerjão é moderno e sustentável. "Nós estamos adequando à legislação de prédios modernos. Esse é um dos primeiros edifícios ocupados pela área pública totalmente licenciado pelo Corpo de Bombeiros, e isso é algo inédito", salientou.
Até o momento, foram transferidos 32 setores em um período de três meses, com base num planejamento feito com antecedência pela Comissão da Mudança (criada pela Portaria N/DG/Nº 038/20) a partir das planilhas oficializadas por cada área – ficou acordado que o cronograma seria escalonado por setor. A mudança se iniciou com a Subdiretoria-Geral de Informática, para que esta pudesse dar o suporte necessário aos setores que estavam sendo transferidos, sem a necessidade de interrupção dos trabalhos. O departamento que se encontrasse em condições de transferência agendava a melhor data com a Comissão - e assim segue sendo feito. A Portaria estabeleceu o Departamento de Patrimônio da Casa como o coordenador e responsável pela mudança.
As divisão dos setores pelos andares foi feita da seguinte forma: administrativo (do 21º ao 30º andar, além do auditório principal); espaço do servidor (20º andar, com refeitório e posto avançado do banco); legislativo (1º subsolo e do 3º ao 19º andar, com o plenário e os gabinetes parlamentares), administrativo (2º andar, com o protocolo e a Elerj); e setor técnico (2º e 3º subsolos).
Sustentabilidade
Ao logo desse processo de mudança para o Alerjão, tem-se dado especial atenção à correta destinação do material de embalagem. De acordo com o diretor do Departamento de Patrimônio, Renan Lacerda, as caixas de papelão impróprias para reúso foram direcionadas à reciclagem, por meio da Light (Projeto Light Recicla), com a Alerj cumprindo o seu papel na conservação ambiental através da redução de resíduos.
“Além da preocupação com o meio ambiente, a reciclagem das caixas auxilia na redução dos custos da conta de consumo de energia elétrica, o que diminui os custos ao erário e preza pela responsabilidade e zelo com o dinheiro público”, disse Lacerda.
O Alerjão conta com um sistema sanitário que trabalha com água de reúso. Parte da água que é utilizada nos lavatórios vai para uma estação de tratamento no subsolo para ser reutilizada - essa água tratada, assim como a da chuva, é usada no tratamento do sistema de ar-condicionado. Há ainda um maior aproveitamento da luz solar e o prédio possui sistema automático nos elevadores, bem como contempla a questão da acessibilidade, com banheiros adaptados para cadeirantes e a instalação de piso tátil.
Palácio Tiradentes
O Palácio Tiradentes, monumento de estilo francês, vai deixar saudade no coração de todos que trabalharam na Alerj. O quase secular prédio já funcionou como Congresso Nacional Brasileiro, entre 1926 e 1960. Em 1640, o palácio abrigava o parlamento imperial e a chamada "Cadeia Velha", onde Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes), dentista e ativista político, ficou preso. O local também foi sede do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) durante o Estado Novo, para então, mais à frente, se tornar a sede do Parlamento fluminense.
Ainda de acordo com Renan Lacerda, o Palácio Tiradentes deve se transformar num museu (um centro cultural). No local também vai continuar funcionando a biblioteca e o setor da cultura. Quanto ao tradicional plenário Barbosa Lima Sobrinho, ele ainda será usado para grandes eventos e solenidades. "Não vamos abrir mão dessa relíquia; esse espaço é maravilhoso", ressaltou Lacerda.