Versão de música cantada pela torcida do Flamengo em homenagem aos Meninos do Ninho foi composta pelo funcionário da Alerj Gabriel Eleno Conceição.
Dez estrelas a brilhar
“Ah, como eu queria ter vocês aqui
Honrando o manto do Mengão
Com raça e paixão
Mas, esta nação jamais vai esquecer
O Flamengo vai jogar
Pra sempre por vocês
Ô, olê, olê, olê, olê
São 10 estrelas a brilhar
No céu do meu Mengão”
Muitos não sabem, mas a letra é de Gabriel Eleno Conceição, 24 anos, operador de áudio da Alerj, e autor de uma das versões mais cantadas pela torcida do Flamengo. Inspirado na música de Tim Maia “Azul da cor do mar”, ele e dois amigos decidiram prestar uma homenagem aos jogadores da base do time que morreram no trágico incêndio que atingiu o CT do clube, no dia 08 de fevereiro deste ano.
“Quanto teve o acidente, fiquei abalado. A gente não espera que isto aconteça com o time que a gente torce. Um amigo teve a ideia da melodia e aí saiu a versão da letra”, contou. Os amigos, coautores da iniciativa, foram Leandro Canavarro e Coxa.
“A música viralizou nos grupos de WhatsApp e antes de finalizar a letra, em 15 minutos já estava no site do Globoesporte.com.. “Eu mesmo recebi. A gente não esperava, é difícil emplacar música e às vezes a torcida não gosta. Todo mundo se sensibilizou e aderiu a música. Todos se uniram para cantar pelos garotos”, explicou. Dudu Nobre e Bruno Cardoso também gravaram a música em homenagem aos meninos.
Segundo Gabriel, o grande momento foi no jogo do Flamengo x Fluminense, numa semifinal da Taça Guanabara, quando a torcida rubro-negra cantou a letra no Maracanã. "Na hora foi indescritível, eu só chorava, é uma sensação que você não imagina. A gente se arrepia. Naquele dia, tinha cerca de 55 mil pessoas no estádio e a maioria era do Flamengo”, descreveu.
A música também foi cantada na Alerj, durante a sessão solene, dia 18 de março, em homenagem aos atletas da base que morreram no incêndio. A iniciativa foi do deputado Renan Ferreirinha (PSB).
Para usar a versão da música, Gabriel informou já ter autorização da editora responsável pelos direitos autorais da música de Tim Maia. “Hoje, a letra é cantada em todos os jogos do Flamengo, sempre aos dez minutos do primeiro tempo”, afirmou.
Sobre o futebol de base, ele disse que como torcedor tem muito envolvimento com os atletas. ”Se for para escolher entre um jogador profissional, o torcedor prefere um garoto da base. O Vinícius Souza, hoje no profissional do Flamengo, foi da base e morava no meu bairro, em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio. A gente se imagina neles. Vinícius Júnior, Lucas Paquetá e Adriano saíram da base", contou.
Mas Gabriel não é um compositor iniciante, apesar da pouca idade. "Já vi o sambódromo cantar minhas composições", contou. Ele tem outros sucessos registrados na carreira, como o samba enredo da Grande Rio, em 2015, do Grupo Especial, e Unidos de Bangu, em 2014, que desfilava pelo Grupo B. Disse que aprendeu a fazer música com o pai, o compositor Eleno Gabriel, que também é funcionário da Alerj. Com oito anos, em 2002, compôs o seu primeiro samba para a escola mirim da Mocidade Independente de Padre Miguel.
A carreira continuou e vieram a autoria e a inspiração para outros sambas que fez para as escolas mirins Infante do Lins, Aprendizes do Salgueiro e Mangueira do Amanhã. Seu talento já chegou às escolas de samba de São Paulo. Gabriel compôs para a Tom Maior, do grupo especial, e este ano fez o samba da Camisa Verde e Branco, uma das mais tradicionais do grupo de acesso, com o enredo “Orim, orim, uma viagem sem fim”.